Canção da meia noite
Daqui
a pouco o telefone vai tocar, é quase meia noite. Feito o uivo de um lobo para
a lua cheia, vai soar o toque polifônico/mp3 de um telefone em breve. É quase
meia noite, antes que a vigésima quarta hora se avance, um novo dia começa.
Iniciando a contagem do 00:00.
Os
segundos ainda não recomeçaram a correr com pressa em direção da luz da manhã,
o tempo é de vampiros, lobisomens e mulas-sem-cabeça. O Saci Pererê está
orgulhosamente vestindo sua faixa mais nova de campeão, e assustar aos outros
não é o seu papel esta noite.
A
infância há muito já ficou para trás, vampiros não existem além de filmes sem
graça e com excesso de maquiagem, efeitos especiais e entrevistas promocionais
bestas. Pudera, os valores defendidos não vem de respeito ou comunhão amorosa e
sim de barra forçada por um dogma, que como todo dogma permite crenças em inimigos
fantásticos, como vampiros ou lobisomens.
O
telefone vai tocar, é quase meia noite, é quase o dia sempre esperado. Dona
senhora, a meia noite eu canto essa canção anormal. O céu está nublado e não há
como saber se é noite de lua cheia, escuto um grito e vejo um vampiro cair.
Papai acertou um soco em cheio, entre seus dentes afiados. Mamãe está mostrando
à Mula-sem-Cabeça porque vence quem consegue pensar. E eu estou protegido.
No
escuro não há vampiros ou outras coisas assustadoras, apenas ausência de luz.
Respirar fundo e confiar que, finalmente chegarão alguns raios de sol, até que
tudo se ilumine. E possa se enxergar os rostos de quem me acompanha.
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