domingo, 26 de julho de 2015

Canção da meia noite

Canção da meia noite

                Daqui a pouco o telefone vai tocar, é quase meia noite. Feito o uivo de um lobo para a lua cheia, vai soar o toque polifônico/mp3 de um telefone em breve. É quase meia noite, antes que a vigésima quarta hora se avance, um novo dia começa. Iniciando a contagem do 00:00.
                Os segundos ainda não recomeçaram a correr com pressa em direção da luz da manhã, o tempo é de vampiros, lobisomens e mulas-sem-cabeça. O Saci Pererê está orgulhosamente vestindo sua faixa mais nova de campeão, e assustar aos outros não é o seu papel esta noite.
                A infância há muito já ficou para trás, vampiros não existem além de filmes sem graça e com excesso de maquiagem, efeitos especiais e entrevistas promocionais bestas. Pudera, os valores defendidos não vem de respeito ou comunhão amorosa e sim de barra forçada por um dogma, que como todo dogma permite crenças em inimigos fantásticos, como vampiros ou lobisomens.
                O telefone vai tocar, é quase meia noite, é quase o dia sempre esperado. Dona senhora, a meia noite eu canto essa canção anormal. O céu está nublado e não há como saber se é noite de lua cheia, escuto um grito e vejo um vampiro cair. Papai acertou um soco em cheio, entre seus dentes afiados. Mamãe está mostrando à Mula-sem-Cabeça porque vence quem consegue pensar. E eu estou protegido.

                No escuro não há vampiros ou outras coisas assustadoras, apenas ausência de luz. Respirar fundo e confiar que, finalmente chegarão alguns raios de sol, até que tudo se ilumine. E possa se enxergar os rostos de quem me acompanha. 

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