domingo, 26 de julho de 2015

Canção da meia noite

Canção da meia noite

                Daqui a pouco o telefone vai tocar, é quase meia noite. Feito o uivo de um lobo para a lua cheia, vai soar o toque polifônico/mp3 de um telefone em breve. É quase meia noite, antes que a vigésima quarta hora se avance, um novo dia começa. Iniciando a contagem do 00:00.
                Os segundos ainda não recomeçaram a correr com pressa em direção da luz da manhã, o tempo é de vampiros, lobisomens e mulas-sem-cabeça. O Saci Pererê está orgulhosamente vestindo sua faixa mais nova de campeão, e assustar aos outros não é o seu papel esta noite.
                A infância há muito já ficou para trás, vampiros não existem além de filmes sem graça e com excesso de maquiagem, efeitos especiais e entrevistas promocionais bestas. Pudera, os valores defendidos não vem de respeito ou comunhão amorosa e sim de barra forçada por um dogma, que como todo dogma permite crenças em inimigos fantásticos, como vampiros ou lobisomens.
                O telefone vai tocar, é quase meia noite, é quase o dia sempre esperado. Dona senhora, a meia noite eu canto essa canção anormal. O céu está nublado e não há como saber se é noite de lua cheia, escuto um grito e vejo um vampiro cair. Papai acertou um soco em cheio, entre seus dentes afiados. Mamãe está mostrando à Mula-sem-Cabeça porque vence quem consegue pensar. E eu estou protegido.

                No escuro não há vampiros ou outras coisas assustadoras, apenas ausência de luz. Respirar fundo e confiar que, finalmente chegarão alguns raios de sol, até que tudo se ilumine. E possa se enxergar os rostos de quem me acompanha. 

quinta-feira, 23 de julho de 2015

A lua de Misa Amane

A lua de Misa Amane
                Um risco no céu, ou uma nuvem distante e solitária. Mais uma noite, e muitas que virão. O silêncio. A lua. Ela. Alguém ousou ser mais do que podia, e não olhou com carinho para o seu destino. Um jogo de um brincalhão com liberdade. E seu amado se foi.
                A lua há muito desistiu de pedir-lhe explicações, acreditava que aquela menina que não envelhece lhe explicaria alguma coisa. Mas quando olhou nos seus olhos e percebeu que ela também tinha suas dúvidas, encontrou sua companhia. O sol não lhe daria sua luz, como dá para o planeta que acompanha. Há incontáveis pontos distantes de luz quando a menina está lá novamente, sentada, com as costas retas, em posição comportada. Há muito já passou o olhar de quem se deu conta do silêncio.
                Há muito já passou o olhar de quem se acostumou com o silêncio. Ela não chora mais, nem olha para o céu acima dela. Aqueles pontinhos distantes brilham, feito as lágrimas que a secaram, alguém ousou ser mais do que podia. E não entendeu as regras do jogo. Um dia ela soube a resposta.
                E quando soube, a resposta apenas lhe explicava, mas não lhe aliviava. E a lua ali, a observando. Sem poder secar suas lágrimas, e sem poder secar as suas próprias lágrimas daqueles pontinhos no céu.  Existe muito tempo para acompanharem, uma a outra. Um caderno, algo que se escreva, tristemente simples.

                Um risco no céu, ou uma nuvem distante e solitária. Ela tem muito tempo para descobrir. Não importa o que só ela pode ver, sua luz não vai lhe ouvir. A lua e ela, dois satélites, vivos e silenciosos. Sem luz própria. E muito tempo para observar o som de quem mastiga uma maçã. 

domingo, 12 de julho de 2015

Sobre o tempo


                Manhã nublada, fones de ouvido e passos nervosos. A resposta está onde as boas perguntas nascem.  O vento sopra, movendo o que pode. O que ficar parado foi por própria opção. Passos nervosos e inertes, em direção as colunas de um edifício.
                O que se move e o que nunca vai se mover. O outro lado da cidade, um universo a encontrar. O local do futuro, o sonho do presente, a razão do passado. Onde tudo deixa de acontecer para fluir. Uma boa canção te resgata.
                As luzes brilham e uma calçada agitada. Simplesmente se faz parte disso, bons sorrisos, cores harmônicas e assuntos relevantes. Decisões a serem tomadas, decisões celebradas. Boas consequências, que enfim, se harmonizam. E respirar é fácil.
                A história já foi contada, pergunte àqueles que pensam, que falam demais, ou juram sem saber. O tempo os engana, e enquanto todos não aprendermos estaremos com eles. O que se move e o que nunca vai se mover.

                O tempo passa e nem tudo fica. Um teatro, um sonho. Não importa o movimento de resposta, a obra é sua. E o vento vem em esperança e passado. Nos mover. 

quinta-feira, 9 de julho de 2015

P.N.G.

                Churrasquinho Pau no Gato.

                Seu João, é um simpático senhor de 58 anos e proprietário do Churrasquinho Pau no Gato. Uma conceituada rede de lanchonetes, com a matriz no interior gaúcho e três filiais no litoral. Com quinze anos no mercado, a Churrasquinho Pau no Gato comemora o sucesso com o público reformando a sua matriz, aumentando a capacidade de 50 pessoas para 100 clientes, que tendem a sair satisfeitíssimos do local.
                O negócio começou como uma carrocinha no centro da cidade, atendendo principalmente universitários famintos após noites de muita cerveja nas boates centrais. Funcionava apenas de quinta a domingo, porém, em pouco tempo Seu João percebeu a boa oportunidade e passou a abrir todos os dias, contando com a ajuda de um de seus filhos (Fúlvio). Passou a atender universitários famintos após dias exaustivos de aulas e trabalhadores famintos após dias exaustivos no comércio.
                Em dois anos, a carrocinha virou um trailer, ainda no mesmo ponto. O movimento que era de 150 espetinhos por dia, passou a 300. Invariavelmente o estoque era consumido, gerando uma boa renda para a família de Seu João. Precisando que além de Fúlvio, Felipe também passasse a trabalhar no, agora, negócio da família. Com isso, os dois estudaram Administração na faculdade. Auxiliados pela renda do Churrasquinho Pau no Gato.
                Quando Fúlvio se formou na faculdade, o trailer estava a caminho de se tornar uma empresa e trocar de ponto. Com Seu João cuidando da cozinha, Fúlvio da Administração e gerencia do estabelecimento, um garçom para atender as seis mesas e uma senhora cuidando da limpeza do local, a Churrasquinho Pau no Gato virou ponto dos finais de festas para os universitários ainda famintos. O diferencial foi a ótima localização, próxima a uma boate de luxo da cidade. A noite começava na Pau no Gato e terminava na Pau no Gato.
                Diz a lenda que é dessa época em que Seu João passou a pedir para ver os chaveiros de quem procurasse emprego na Pau no Gato. Ele não nega nem confirma, mas comenta “garçom que se preza sempre carrega consigo um abridor de garrafas, nem que sejam esses simples que vem em um chaveiro”. Fúlvio acende com a cabeça, rindo em silêncio , enquanto passa com um espetinho em mãos e entrega a um cliente.
                É óbvio que um negócio não se faz apenas de uma boa administração, sorte nas localizações. O produto precisar ser bom. E nisso a Churrasquinho Pau no Gato sempre se diferenciou. Começou com um cardápio simples, com apenas duas opções (coração de frango e gado), podendo passar no molho vinagrete e/ou na farinha, ou em nada. Na fase do trailer foi colocado no cardápio Filés , de frango e gado. E o povo ia gostando.
                Hoje em dia, após a terceira filial aberta na praia, por influência de Felipe que convenceu o pai com a desculpa de que “nos tornaremos a empresa que também tem na praia, isso vai aumentar o consumo aqui e lá”, a Pau no Gato serve inúmeros espetinhos. E ainda inova nos nomes, sempre de forma engraçada. Espetinho Pau no Gato é o nome do tradicional de carne de gado de segunda, o que mais sai na casa; S2 stick é o de coração de frango, Pau no Porco é o de carne de porco, e o hit dessa nova fase da empresa Stick on the cat em que são servidos  grossos pedaços de filé mignon de primeira qualidade. Além, é claro, de petiscos como mandioca, batata, polenta fritas. A mais nova novidade é a tábua de frios e, se a receita não for muito complicada segundo Seu João, anéis de cebola.

                Em vias de se aposentar, Seu João frequenta cada vez menos a matriz de seu negócio. Confia na capacidade e nos estudos de seus filhos para tocarem com o empreendimento de sucesso. Mas sempre será possível encontrá-lo alguma noite degustando algum dos espetinhos do cardápio e usando o abridor de garrafas em seu chaveiro.  

segunda-feira, 6 de julho de 2015

"Garota paraquedas"

"A garota paraquedas"


"Abrir os braços e saltar
  A unica decisão sábia
  É permitir que o vento passe a guiar
 A sensação alarmante de velocidade e paz

Respirar com calma e se entregar
Para o céu azul que passa a te afogar
Com sua luz, suas nuvens e o frio do seu ar
Abrir os braços para saltar e se encontrar

Com a garota parquedas
Entre as nuvens eu vou voar
Com a garota paraquedas
Em paz eu vou pousar
Com a garota paraquedas
Não é preciso mais sonhar

O vento corta e nossas mãos se tocam
Os dedos se reúnem em seu abraço
Segurar firme nas cordas e puxar o gancho
Em um segundo vou flutuar

Com a garota parquedas
Entre as nuvens eu vou voar
Com a garota paraquedas
Em paz eu vou pousar
Com a garota paraquedas
Não é preciso mais sonhar

E ela vem, dançando pelo ar
Até a hora de me encontrar
E pousarmos com segurança
Abraçados e em paz.

  
  "Parachute lady" é uma música inédita e antiga de Vitch, lançada para promover o projeto de seu amigo Antón Pear, "Incredible world". A renda toda foi revertida para pesquisas de Mauricius Butter na sua luta pela cura do câncer e trabalhos com crianças autistas. A foto promocional foi tirada pela Morena de Liverpool, mesmo que não se trate exatamente de um paraquedas na imagem, mas ninguém se importa. Perguntado sobre quem seria a parachute'lady , Vitch repondeu: " Descobrirei em breve".  

 

domingo, 5 de julho de 2015

Final feliz III

           O dia nublado te convida. Te convida para abrir os olhos, e seguir nervosamente. Seguir obcecadamente. Seguir cheio de duvidas. Seguir com seus sonhos. E realizar seus sonhos.
              Já não é o começo da história, e muito menos o inicio do mapa. Que agora está mais estreito, aproximando o que até então, se apresentava distante. Manifeste-se e o resultado virá, feito uma engrenagem, ora lenta, ora absurdamente rápida. Mas virá.
           Quem se move faz a diferença, e não há duvidas sobre isso. Reconheça quem merece ser reconhecido, auxilie quem precisa ser auxiliado, e chute as portas de quem está em silêncio. E ajude quem não quer se entender a encontrar o que precisa. E o mundo gira.
           O mundo gira e a corrente segue. Da mesma forma e maneira que se segue através desse mundo. O que se dá é o que se recebe, e todo momento é um momento de encontro. O sorriso que se instaure no rosto, pouco faz se cansado ou irritado. Que o sorriso se instaure. A hora chegou.

               Eu, meus sonhos e minha paisagem, em paz. Começo , caminho e final felizes. 

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Final Feliz II

        O dia nublado te convida. Te convida para abrir os olhos, e seguir nervosamente. Seguir obcecadamente. Seguir cheio de duvidas. Seguir com seus sonhos. E realizar seus sonhos.
             Já não é o começo da história, e muito menos o inicio do mapa. Que agora está mais estreito, aproximando o que até então, se apresentava distante. Manifeste-se e o resultado virá, feito uma engrenagem, ora lenta, ora absurdamente rápida. Mas virá.
         Quem se move faz a diferença, e não há duvidas sobre isso. Reconheça quem merece ser reconhecido, auxilie quem precisa ser auxiliado, e chute as portas de quem está em silêncio. E ajude quem não quer se entender a encontrar o que precisa. E o mundo gira.
         O mundo gira e a corrente segue. Da mesma forma e maneira que se segue através desse mundo. O que se dá é o que se recebe, e todo momento é um momento de encontro. O sorriso que se instaure no rosto, pouco faz se cansado ou irritado. Que o sorriso se instaure. A hora chegou.