sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Retratos de uma eleição

Hoje está perto, muito perto da cidade finalmente ficar mais limpa, organizada e menos bagunçada. Também ficará um pouco menos colorida após encerrar as eleições de 2016. Mesmo gostando do encerramento do meu candidato no debate de ontem, não me irei além no debate sobre quem deve ser eleito ou não. Até porque minha história é da eleição passada, quando estive mais envolvido com a campanha.

A arte de ser panfleteiro em época de campanha política é uma terapia de estima enorme. Porque terapia de estima? Arrisque-se em uma esquina movimentada do centro da cidade, em que as pessoas estão com pressa, atarefadas e presas em seus próprios pensamentos, para oferecer imagens com escritas de pessoas famosas por representarem o que há de mais incorreto no país: o político corrupto. E não importa se o candidato é tão bom quanto o que eu tive o prazer de trabalhar, conta com um currículo invejável de projetos que engrandeceram a experiência da comunidade. Para o cidadão comum aquele pedaço de papel vai para o lixo.

Para o cidadão comum aquele pedaço de papel vai para o lixo, se ele for um pouco mais civilizado do que a média. Porque a média do público eleitor em minha cidade, infesta o chão de santinhos, cheios de promessas e de intenções de projetos. Aquele pedaço de papel, que o púiblico eleitor despreza com tanta confiança do  que está fazendo, acaba recebendo uma atenção maior do que quem o entrega ao eleitor.

Experimente por um turno da sua rica rotina se colocar numa posição em que as pessoas naturalmente esvairão sua necessidade de negar, de ser estúpida, de desabafar em alguém que as faz se sentir superior, e sua estima ficará estável em qualquer cenário comum do seu dia a dia onde você recebe mais atenção do que a que envolve quem representa um candidato. Depois desta experiência, procurar emprego em busca de jamais me tornar um acomodado nas promessas do governo foi simples.

E sendo simples assim, agradeço aquela sexta feira, naquela esquina companheira de dois meses e meio intenso de trabalhos, de muitas amizades com os colegas e o eleitorado. Agradeço por que voltar à ela é sempre um prazer, a sensação de ter evoluído em minhas vaidades a cada sorriso que não se abriu em muitos rostos fechados, em mãos que mal se dedicaram a pegar aquele pedaço de papel que eu oferecia, agradecer aos narizes torcidos e aos olhares de dúvida e superioridade ao me ver naquela função.

Quando chegou a segunda feira "depois de depois de amanhã" o alívio foi intenso. Como sei que será para todos que estão distribuindo pedaços de papel que invariavelmente , e por inúmeras questões políticas e sociais, irão tomar conta de nossas ruas, calçadas, bueiros, urnas...

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