terça-feira, 3 de junho de 2014

Jantar simples

             Havia marcado uma janta, na casa de uns amigos. Tinha muito trabalho a fazer, mas confirmou presença. Estava saindo do banho quando um dos amigos que iriam lhe ligou para dizer que mudaram para um restaurante, aquele que ele gostava. Se animou e saiu de casa rápido, mas tinha muito trabalho a fazer.

                Pediu um chopp enquanto conversava com o casal que já estava lá, atendeu o telefone e era sua melhor amiga dizendo que iria se atrasar. Enfim, normal esperar por ela. Todos riram na mesa com a noticia.

                Com a mesa (quase) completa, o trabalho voltou à sua cabeça. Resolveu sair para fumar um cigarro sozinho. Acendeu, olhou o telefone, mesmo sabendo que não havia tocado. A rua era calma, e só ele curtia o vento frio que batia.

                Enquanto curtia aquele momento e o trabalho já estava tão distante quanto a Espanha do Japão, escuta alguém lhe dizer:

- Moço, me empresta o fogo¿

                Soltando um “ Claro!” e procurando o isqueiro no bolso, ele olha para quem falou com ele. Reconheceu aquele rosto.

- Peraí, eu te conheço, te vi uma vez numa livraria. 5 ou 6 anos atrás, tu não vai se lembrar, mas engraçado, eu me lembro.

- Sério¿ 5 ou 6 anos atrás numa livraria¿  Engraçado. Mesmo assim, obrigada pelo fogo.

Devolve o isqueiro, depois de encerrar o seu cigarro,  senta na mesma mesa em que ele está com seus amigos.

domingo, 1 de junho de 2014

Quando o melhor aconteceu

                Naquele dia engraçado, de piadas e besteiras. Quando nada mais importava, porque o amanhã vai chegar apenas depois de hoje e o que não está resolvido permite alguma liberdade. No meio dessa lentidão, você estava ali.
                Naquela fase complicada, de pouco dinheiro e muitas dúvidas. De olhar cabisbaixo e sensações de temor sobre o futuro. Na hora de seguir adiante , buscar algo diferente, mesmo que talvez nada se encontre. Na hora de acreditar , você também estava ali.
                Quando as rodas giraram ao contrário, mudando de rumo um verão e torcendo um joelho. Quando tudo ficou em silêncio , no escuro e em suspense. Quando não chegou o fim, você estava ali.
                Na época em que era preciso se concentrar, finalizar um projeto longo, demorado e um tanto complicado. Quando foi preciso trocar as ruas  por livros, e centralizar a criatividade em um tema só. O mate estava servido, e a conversa amiga também estava lá, compreendendo com sua paciência , que era hora de investir em algo realmente importante.
                Quando estava aprendendo algo, vivendo aventuras sem compreender muito bem o que acontece. Explorando limites e celebrando além da conta, queimando a energia da juventude, como se ela jamais se esgotasse. Você estava lá, crescendo comigo,  me acompanhando e  ensinando as lições certas.
                Quando o verão chegou, na hora certa e mostrando o mar. Iniciando momentos que levam adiante, ensinando sobre maturidade , mas permitindo sonhar. Confirmando conquistas, e impondo felicidade e novos hábitos. Quando tudo ficou leve , mesmo dentro de uma densidade constante, você estava lá.
                E quando eu entendi que valia mais a pena sorrir, apesar das coisas que podem ferir a gente no caminho. Que o mundo é muito mais do que reclusão e desamores antigos, e o caminho nos coloca frente a frente às perguntas certas. Quando o melhor aconteceu, você também estava ali, sorrindo comigo.