Uma pergunta interessante

Uma pausa para uma pergunta muito importante nesta fase do ano:

- Você já considerou abandonar os esportes? 

- Como assim?

- Como assim "como assim"? 

-  Ninguém sai vencedor, todos se machucam e ninguém é valorizado. Porque se envolver com isto? 

- Huum

Naquela noite, os pensamentos e os sentimentos foram longe demais. Implorando por uma saída, uma luz e uma resposta que valesse a pena. 

Dentro de si sabia a verdade, não poderia rejeita-la mais. A própria questão e a liberdade que o interlocutor se deu escancara algo que há muito está ali, presente, quase com perfume , e com certeza, próprias caretas e caricaturas. 

O interlocutor seguia olhando seu amigo, ou amiga (essa história não tem gênero, apenas sentimento). Um sentimento terrível, pior que xarope e ressaca de cervejas. O olhar permanente. 

O olhar permanente dizendo sem palavras que "estou aqui e o levarei comigo". Apenas o eco da pergunta.

- Por por que que você porque você não não não abandona abandona abandona os esportes os esportes...

E tristemente um filme se iniciou em sua mente. Que notadamente parecia estar conectado a mente de seu interlocutor também. 

Alguém voava pelos ares e não reconhecia resistência. Balançava pra lá e pra cá. E desaparecia em fumaça. 

- Um dia você se esquecerá disso.

Um domingo de manhã dourado, um outro tipo de vôo transportando a quadra para a glória. E, novamente fumaça. 

- E disso também. 

-Estranho, mas eu acho que alguém acenou pra mim...

- Sim, era eu mesmo marcando o momento. Naquele dia não fui reconhecido e você estava inebriado por aquele movimento, aquela felicidade. Talvez eu não estivesse aqui. 

-  Como assim? 

- Os viciados nunca reconhecem o objeto de seu vício. Triste. Mas logo você sentirá um vazio inédito. Ou não? E não me pergunte como assim. Você deve se despedir agora. 

Alguém de pele e roupas cor de chumbo com mangas longas e mancando ergue algo na sua direção. Não há tristeza na troca de olhares, apenas um parece dizer: 

- Eu não fiz isso por você. Você nem conhecerá esta taça. 

E o outro, consternado, puído e quase destruído, porém liberto: 

- Eu sei. 

E ela(ela) reconheceu o vazia antes anunciado. 

- Calma, você vai se dar bem nas artes. Lá os adversários devem jogar juntos. 

 

Enquanto via o ser de chumbo seguir o mesmo destino de fumaça que os outros momentos. 

- E dele, vc jamais se lembrará. 

"Pequenos trampolins"

A Gelada Pangalactica valorizando o piano bar, novos e novos rituais de brindes e uma retomada no foco do happy hour.

- ... então, estamos todos de acordo?

- Sim.

-Sim

- Sim

- ... talvez...

Antes que os do sim se espantassem, o Sr. Presidente disse , do alto de sua cabeça esquerda: 

- Essa não é uma piada do Monty Python.

Uma nova gargalhada corre pelo grupo. 

O do "talvez" diz: 

- E por que não? 

- ...bom, pode ser uma grande homenagem..

Os murmúrios davam a entender que seria possível concordar. 

A próxima música no violão é anunciada com um leve desafio: 

- Conte-nos sobre os pequenos trampolins quânticos. 

Uma leve onda de curiosidade e frenesi toma conta do piano bar. 

A malandragem do café

Agora uma pausa para uma historinha de tempos assim: 

Dois amigos se encontram no centro da cidade. Casualidade, nada de burocracia.

- E ai Colorado! 

- Que grata surpresa...

Uma boa conversa sobre música, costumes culinários, acordes, estúdios e algo mais. 

O tempo passa. As pessoas passam. A chuva de outra região passa. E até adolescente com cabelo cor de uva, passa. 

- Vamos tomar um café? 

-Bora...

Um capuccino e um balde de café tradicional. 

O aroma inconfundível. O brinde. 

O decreto.

-A malandragem do café... 

- Porque?

- Não aguentava mais usar essa máscara. 

Este é um anúncio da banda terráquea 

@seuedgarrockroots

"21 dias"

 - 21 dias...

- 21 dias humanos, Alberto...

Do palco Agenor soltou um:

- Terráqueos

Enquanto tocava o solo que parecia This Charming man. 

Um senhor ouvindo Smiths, seus cabelos grisalhos voando pelo helmet como os versos (inclusive aquele) saindo da caixa de som no guidão de Harley Davidson.

- Veja Dr. ele acordou...

- I would go out tonight

    Como ninguém sabe dançar como o Morissey, todos esperaram pelo terráqueo encerrar completamente seu transe antes de darem seguimento ao Happy hour e explicá-lo o que aconteceu. 

 

Falando Sério

 - Foi você que encheu a geladeira...

- Eu não, eu sou vegetariano...

- E o que isto tem a ver? 

- Ah sim! Aconteceu em outra história...

- Mas falando sério agora...

- Pare com estes três pontinhos

- Sim, pq vocês me trouxeram até aqui?

- Você não está apreciando os drinks, o show acústico e o ambiente?

- Estou sim, mas não deixo de ficar curioso assim mesmo. Dr, uma nova rodada para o pessoal.

Som de brinde, o espetáculo das sombras recomeça, o Presidente ressurge em dobro, sempre em dobro. 

Tricia segue na explanação após saborear sua Gelada Pangaláctica, dessa vez numa versão mais púrpura:

- Agora que sabemos como isto realmente se parece, vou lhe contar o porque de você estar aqui. 

E apontou para um mural que de repente estava ali tão próximo quanto discreto. Nele dizia, entre desenhos que se movimentavam como um Cartoon em formas de naves, estações parecidas com postos de combustíveis e ,inclusive, uma lojinha de conveniências nos arredores. E também escondido, mas também perceptível, algo que parecia uma imenso caminhão cegonha intergalático de galinhas intergalácticas com uma placa de carro dos anos 1990 do interior do Brasil. Nele dizia, "Convenção Intergaláctica sobre Energia Livre e Admirável"

- Admirável!

- Exatamente! 

Disse Tricia sorvendo mais um pouco de sua gelada intergaláctica e apenas então, e só então percebendo o quanto todos, menos os dois terráqueos (um é semi terráqueo na sua origem), estão a olhando com tanta curiosidade que não restou outro comentário ao fim de sua explosão de sabor enigimático:

- E parece mesmo Srs.  

Meditações dos Pensadores

- E então? 

- Então? 

- Então...

Uma tossida interrompe a próxima rodada e alguém pergunta para o segundo "então": 

- Como vocês "respiram" ? 

- Do mesmo jeito que vocês, oras. Do mesmo jeito que o Dr , o Presidente. E exaramente do mesmo jeito que você , a cientista e o músico no palco...

O músico assente com a cabeça, chama o refrão empolgado e o Sr do Piano se contagia. 

A canção de um embriaga a melodia de outro. Que por algo que pareceu uma longa eternidade dentro de um microsegundo tomou a todos no Piano Bar. 

- E se parece muito com uma das fases do sabor da Gelada Pangalactica. 

- aApenas respire. 

Lendo muitos livros?

- E aí terráqueo, você tem lido muitos livros?

E uma nova canção (acústica) preenche o espaço entre conversas, drinks, brindes, gelo batendo em vidro e essas coisas tipo aperitivos. 

- Mas como você ia falando, sobre aquele sistema fundamental da compreensão analítica do motor movido a improbabilidades...

- É que nem naquele livro, a história começa em um belo jantar. Ainda mais saboroso do que belo. Uma questão é levantada e... pronto... todos estarão envolvidos em sua compreensão e a divertida busca por respostas e similaridades. 

-Similaridades? 

- Sim Dr. Exatamente como aquelas que lhe aproximaram daquele táxi. O Sr. Se lembra?

- Lembro sim, não por acaso foi minha viagem mais longa entre um quadro e outro. Depois não aconteceu mais. 

- O público não gosta de externas. 

E um forte som de braços batendo contra o balcão (também o danificando) se ouviu.

- Eu quero q minha gelada pangalactica!

- Um momento Bruce. 

- Afinal, porque ela também nos perguntou, antes de ir ao banheiro...

- Perguntou oq?

- Deixa pra lá. 

Chinelos de borracha

- e foi assim que eu encontrei aqueles chinelos de borracho. Auxiliam no uso da toalha. 

- e isso foi para o guia? 

- agora sim.

-isso realmente se parece com...

- começaram essa rodada sem mim, foi? 

- não foi por mal. 

- é claro que não. 

- e realmente se parece. 

"O Motor movido a improbabilidade"

Acho que no plural fica mais interessante disse a Sea Beebelbraux. 

Todos assentiram , e o Dr, servindo mais uma rodada para todo o ritual recomeçar, explana:

-Mas que coisa fascinante esse motor, quer dizer que...

Algo muito interessante estava por acontecer no palco. Agenor entoava uma bossa nova que conduzia o local. Espirais de som e de luz se encontravam e se divertiam. E tudo era nada. 

- Espetáculo de fragmentos da Câmara de Criatividade. Serão cada vez mais acessíveis. O artista está inspiradìssimo nesse, nesse... como se chama? 

-Piano bar.

-Talvez, mas quem lê entenderá. 

- Tão fascinante quanto o motor que se move a partir de improbabilidades...

- Não é bem assim que ele se move...

- Mas de certa forma é também...

E todos concordaram. Quando mais uma rodada foi servida. 

Srta Tricia

- Srta Tricia...

- Sra Beebelbraux

(Em pensamento Aff)

- Sra Beebelbraux , afinal porque tanta festa com a minha presença? 

- Como assim terráqueo?

- Você também é... O Presidente do Universo, a maior (e também única) cientista da Terra, um dublê de médico e garçom  , além do próprio criador dessa p... toda, reunidos são capazes de enfileirar longas rodadas de geladas pangalacticas, amoras silvestres e aquele cafézinho maneiro a hora em que bem entendem. Aliás, que seja feito um brinde a reunião dos senhores, isto é realmente algo que vocês sabem fazer bem feito. Parabéns! 

Copos se tocam ao mesmo tempo em que o show de sombras e drinks do Presidente Beebelbraux recomeça. 

- Isto realmente se parece com...

- Dr, mais uma gelada pangalactica, igual a do motorzinho.

E todos caíram na gargalhada. 

O Sr dos royalties

- E foi assim que eu recolhi aqueles chinelos de borracha...

Vindo novamente do escuro um satisfeito Presidente, interrompe a explicação sobre novelas, livros e bom humor da cientista satisfeita com sua gelada pangalactica.

Agenor dedica a próxima canção para o cara com ar de Monty Phyton e dedilha seu violão. Que ergue sua cuia e chama o Dr.

- Alberto, como o rapaz do violão sabe que estou aqui? 

- Ele é amigo do cara que está pagando as rodadas essa noite. Você pensou sobre aquela nossa última conversa? 

- Pensei... Que engraçado, logo aqui. 

- Pois é, logo aqui. 

- Eu não vou cobrar os royalties desta história. 

- Tricia, você estava correta. Como sempre. O motor recarregou mais rápido do que pensávamos. Como você ganhou esta aposta, ele segue pagando as rodadas.

"Os Drinks estão servidos"

- Os Drinks estão servidos, obrigada Dr.

O espetáculo das sombras recomeça com as duas cabeças voltando a mesa. 

- Mas eu fiquei sem o meu. Piada grosseira.

- Me desculpe, não havia visto a Sra. Você está de máscara?

- Como se você não estivesse a tarde toda com uma. Uma gelada pangalactica Dr.

- Verdade. Essa é por minha conta Dr. Dr? 

- Um dos mais talentosos do Universo. Foi selecionado de outra história. Sua velocidade é impressionante. Estava em todas as cenas, e apenas uma vez se utilizou de um táxi para se locomover. Embora naquele momento o táxi participasse da cena também... 

- Sua gelada pangalactica Srta Mcmillan. 

- Obrigada Dr. 

Um som de brinde rompe o escuro e o espetáculo das sombras recomeça. Um satisfeito Presidente gargalha sob a luz.

- Dr obrigado.

- Agradeça ao garoto, você mesmo, ou vocês mesmos disseram que ele está fazendo um bom trabalho.  Afinal ele já pagou todas as rodadas nessa noite. 

- Deliciosamente esta gelada pangalactica se assemelha...

- Obrigado e mais uma rodada. Tudo bem aí Sr dos royalties?

- Tudo, apesar do Dr tentar me convencer de algumas idéias.

- ...embora na história ele era valorizado por seus conselhos e boas conversas. Algo muito importante para Alquimistas. E para barmans também. Ele aceitou o convite. 

- Como você sabe disso.

- Eu presumo. Faz parte do meu show. 

Agenor satisfeito porque então alguém daquela mesa cantou com ele. 

"Piano Bar"

Som de Piano tocando lentamente em suas teclas mais agudas. Gelo contra um espaço curto de vidro e líquido sendo servido com graciosidade. 

- Uma gelada pangalactica

- Pois não...

Gelada pangalactica sendo servida. Dois cubos de gelo seco. 

- Isso é para evitar os roylaties? 

Um irônico, engraçado e com ar de tio piadista rompe o escuro senhor surge, porque é sempre assim que um novo personagem surge numa cena de Piano Bar. 

- Na verdade faz tempo que não vejo o guia. Ele ficou com outro viajante que o estudava e deve ter seguido seu próprio caminho. O sr sabe, ele logo aparece, mas eu queria experimentar a gelada pangalactica essa noite. Vai uma? 

O som de dois copos brindando rompeu o escuro do silêncio, vindo do mesmo lugar pois estamos na mesma cena. Duas cabeças saboreavam algo servido em cuias. A mão direita de um ajeitava o lenço que a mão esquerda de outro ajeitava o lenço de seu pescoço correspondente. 

- Um belo espetáculo de sombras e luz. 

- Tome sua gelada. 

O espetáculo de sombras logo chegou a luz. Com mais surpresas do que se supunha. 

- Sr Beebelbraux? 

- Você é um bom garoto. Sabia que me reconheceria, ganhei mais uma rodada por sua conta.

Disse a cabeça da esquerda para a da direita, que respondia: 

- Por conta dele. Tricia estava certa. 

E todos olhavam para a reação do primeiro gole de uma gelada pangalactica (embora em muitos drinks no Multiverso seja servida quente). 

- Esplêndida! Parece muito com...

Agora todos os o olhavam curiosos com a reação ao perceber com quem contavam a conta da próxima rodada. 

- Com prazer. O amigo poderia servir uma nova rodada para o Presidente, ou Presidentes e para o dono dos royalties também? Eu acho que te conheço...

O Piano para o seu som e o grande Agenor é anunciado. Um voz e violão muito bom. 

As memórias de uma Mestra

De repente , o silêncio. E você entende o que encontrou. Tudo está em Paz.