quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Uma pergunta interessante

Uma pausa para uma pergunta muito importante nesta fase do ano:

- Você já considerou abandonar os esportes? 

- Como assim?

- Como assim "como assim"? 

-  Ninguém sai vencedor, todos se machucam e ninguém é valorizado. Porque se envolver com isto? 

- Huum

Naquela noite, os pensamentos e os sentimentos foram longe demais. Implorando por uma saída, uma luz e uma resposta que valesse a pena. 

Dentro de si sabia a verdade, não poderia rejeita-la mais. A própria questão e a liberdade que o interlocutor se deu escancara algo que há muito está ali, presente, quase com perfume , e com certeza, próprias caretas e caricaturas. 

O interlocutor seguia olhando seu amigo, ou amiga (essa história não tem gênero, apenas sentimento). Um sentimento terrível, pior que xarope e ressaca de cervejas. O olhar permanente. 

O olhar permanente dizendo sem palavras que "estou aqui e o levarei comigo". Apenas o eco da pergunta.

- Por por que que você porque você não não não abandona abandona abandona os esportes os esportes...

E tristemente um filme se iniciou em sua mente. Que notadamente parecia estar conectado a mente de seu interlocutor também. 

Alguém voava pelos ares e não reconhecia resistência. Balançava pra lá e pra cá. E desaparecia em fumaça. 

- Um dia você se esquecerá disso.

Um domingo de manhã dourado, um outro tipo de vôo transportando a quadra para a glória. E, novamente fumaça. 

- E disso também. 

-Estranho, mas eu acho que alguém acenou pra mim...

- Sim, era eu mesmo marcando o momento. Naquele dia não fui reconhecido e você estava inebriado por aquele movimento, aquela felicidade. Talvez eu não estivesse aqui. 

-  Como assim? 

- Os viciados nunca reconhecem o objeto de seu vício. Triste. Mas logo você sentirá um vazio inédito. Ou não? E não me pergunte como assim. Você deve se despedir agora. 

Alguém de pele e roupas cor de chumbo com mangas longas e mancando ergue algo na sua direção. Não há tristeza na troca de olhares, apenas um parece dizer: 

- Eu não fiz isso por você. Você nem conhecerá esta taça. 

E o outro, consternado, puído e quase destruído, porém liberto: 

- Eu sei. 

E ela(ela) reconheceu o vazia antes anunciado. 

- Calma, você vai se dar bem nas artes. Lá os adversários devem jogar juntos. 
 
Enquanto via o ser de chumbo seguir o mesmo destino de fumaça que os outros momentos. 

- E dele, vc jamais se lembrará. 

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

"Pequenos trampolins"

A Gelada Pangalactica valorizando o piano bar, novos e novos rituais de brindes e uma retomada no foco do happy hour.

- ... então, estamos todos de acordo?
- Sim.
-Sim
- Sim

- ... talvez...

Antes que os do sim se espantassem, o Sr. Presidente disse , do alto de sua cabeça esquerda: 

- Essa não é uma piada do Monty Python.

Uma nova gargalhada corre pelo grupo. 

O do "talvez" diz: 

- E por que não? 

- ...bom, pode ser uma grande homenagem..

Os murmúrios davam a entender que seria possível concordar. 

A próxima música no violão é anunciada com um leve desafio: 

- Conte-nos sobre os pequenos trampolins quânticos. 

Uma leve onda de curiosidade e frenesi toma conta do piano bar.