Ali
Um
bom domingo para sorrir. Como todos os dias são bons para sorrir. Mas você está
com as mãos no bolso e olha um pouco para baixo. Anda só, com a velocidade de
quem anda só.
Mas
você está com as mãos no bolso e não percebe. Não percebe que o vento passa
diferente, movendo seu cabelo. Não percebe que a grama ficou mais verde com o
seu passo. Não percebe que o domingo ficou mais feliz e o sol lá longe brilhou um
pouco aqui perto.
O
vento mexeu o seu cabelo, e suas mãos estavam no bolo. A grama ficou mais verde
com o seu passo. E segue ficando pelo seu caminho. E você desfila com as mãos
no bolso. E o olhar baixo. Puxando a tarde como uma cena silenciosa,
preenchida pelo barulho do vento, dos carros, das pessoas, da rotina normal, e
dos seus passos. E suas mãos no bolso.
E
da rotina normal e dos seus passos, para qualquer outro lugar, de gala e
estonteante, ou comigo com o sorriso certo. Eu me comunico com o mundo. Detalhes
como estes já compõem, como o outro lado da cidade ou a distância entre
continentes, a proximidade do vento ou a mesma velocidade. Como enxergar isto?
Basta tirar as mãos do bolso.