segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Ali

Ali

                Um bom domingo para sorrir. Como todos os dias são bons para sorrir. Mas você está com as mãos no bolso e olha um pouco para baixo. Anda só, com a velocidade de quem anda só.
                Mas você está com as mãos no bolso e não percebe. Não percebe que o vento passa diferente, movendo seu cabelo. Não percebe que a grama ficou mais verde com o seu passo. Não percebe que o domingo ficou mais feliz e o sol lá longe brilhou um pouco aqui perto.
                O vento mexeu o seu cabelo, e suas mãos estavam no bolo. A grama ficou mais verde com o seu passo. E segue ficando pelo seu caminho. E você desfila com as mãos no bolso. E o olhar baixo. Puxando a tarde como uma cena silenciosa, preenchida pelo barulho do vento, dos carros, das pessoas, da rotina normal, e dos seus passos. E suas mãos no bolso.

                E da rotina normal e dos seus passos, para qualquer outro lugar, de gala e estonteante, ou comigo com o sorriso certo. Eu me comunico com o mundo. Detalhes como estes já compõem, como o outro lado da cidade ou a distância entre continentes, a proximidade do vento ou a mesma velocidade. Como enxergar isto? Basta tirar as mãos  do bolso. 

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