Dois amigos conversam sobre coisas à
toa , pela rua onde costumam viver parte de sua rotina ao longo da semana. Mas
é domingo e é final da manhã. Eles gostam daquela mudança , quase que completa
de atmosfera. Um segura a guia do seu cachorro, o outro procura um isqueiro no
bolso. Como esqueceu em casa, não faz o que queria fazer e se concentra na
conversa.
O rapaz do cachorro , conta animado
e frustrado ao mesmo tempo sobre uma
ligação telefônica da sogra. Em pleno horário de almoço, durante uma reunião
com o chefe e alguns colegas. E a situação era surreal de tão engraçada, e ele
não podia rir como queria ao desligar o telefone. Enfim, o tipo de situação que
só em conversas com certos amigos para se esvair , do momento não vivido e da
gargalhada reprimida.
O rapaz do isqueiro esquecido,
depois de rir bastante da cena, e comprar um sorvete, comenta sobre aquele
amigo quietão dos dois. Contou que o encontrou outro dia, nessa mesma rua, na
hora do almoço, se ele não está enganado. Mas não sabe como ele anda, ou o que
ele tem feito dos seus dias. Foi apenas um daqueles ‘joinhas’ jogados ao
silêncio, enquanto alguém estava com pressa.
O cachorro cansa da caminhada, já
faz uma hora que segue no trote da conversa dos dois rapazes. E está com sede, e não se deixa um cachorro com
sede. Seu dono o leva para casa, se despede do amigo, que então se dá conta. Se
dá conta que estavam os dois juntos , conversando , num ponto próximo da mesma
rua, em outro dia, quando viu o tal amigo quietão. Ajeita a jaqueta, pra se
proteger de um vento frio que sopra. Percebe um volume no bolso da jaqueta, o
isqueiro não havia sido esquecido em casa.