Nem tudo deu tão certo. Pensou em silêncio. Avistou as circunstâncias e horizontes.
Mas ainda estão em movimento.
o vento frio, não esfria mais.
Nem tudo deu tão certo. Pensou em silêncio. Avistou as circunstâncias e horizontes.
Mas ainda estão em movimento.
o vento frio, não esfria mais.
O garçom se virou pra trás, topou com uma bela novidade. Franziu o bigode , girou a ponta de seu lado direito com a ponta dos dedos. Franziu a testa e virou-se para voltar de onde veio.
- Fuuuuuuu... , espere um pouco. O que você pensou? Fez uma bela careta, cheia dos detalhes do parágrafo acima.
- Vocês nunca viram um coletivo de golfinhos especialmente feliz?
- Golfinhos?
- Hã, não?
- Especialmente, até o dia de hoje, já havia servido Narguilés para artistas e músicos terráqueos
- Hey!
- ... e de Júpiter também, continuando, porém essa noite em especial, e esse grupo em especial estão diferentes. Dessa vez é diferente.
- Como você pode afirmar isso?
- Ora, vocês estavam lá dentro. Não prestaram atenção no papo animado de happy hour entre o show de sombras de brindes e debates sobre combustível renovável de maneira improvável?
- Do que você está falando?
- Daquele grupo que esteve bebendo o tempo todo, aos gritos e gargalhadas como final de futebol com vitória enquanto os srs tocavam seus instrumentos simplórios.
- Eu te falei que os de Júpiter são mais apropriados.
- Porém não para esta situação...
Todos olham para o clarão de fumaça que rompe um ponto exato do estacionamento.
- Ruffus!!!
Disseram os dois músicos , e sem pestanejar. Diria Silveirinha.
- Peraí, eu não te conheço.
- Muito menos eu.
- Meus jovens, venho de minha cabine lhes informar, que em outro angulo e quadrante deste mesmo multiverso, Theodorus e William precisam de vocês.
Uma lágrima de emoção e de oportunidade caiu de Júpiter, resvalando no longo espaço sideral por prismas coloridos em direção a uma cabine telefônica terráquea.
- Sr, o seu chá de limão está pronto. E demais acessórios também.
- Uau, o serviço é bom por aqui.
- Exatamente!
Um acorde de guitarra se materializou no céu, intrigando todos. Menos o garçom que olhava a todos que intrigavam-se com o espetáculo que ele há muito que se acostumara. Mas então...
O interfone toca:
- Alô
- Entrega
- Descendo
- O pagamento é no débito
- Você parece cansado
- São as escadas...
- Parece que as fontes também.
- Mas isso pouquíssimos irão entender.
A gargalhada compartilhada é interrompida pelo mesmo diálogo na porta ao lado, quando um sem esperança diálogo foi proposto:
- Tu não troca uma de cinquenta pra mim...
- Eu vim com a máquina.
-Mas nem por duas de vinte e duas de cinco?
- Eu vim com a máquina, estou sem troco.
- Olha aí na tua pochete (top!!!!!!!!)
Sons de pochete revirada, portões fechados, chaves girando e lá no fundo o diálogo cada vez mais surdo que os passos nas escadas encerrava:
- mas nem cinquenta centavos...
- Você é louquinho...
Dizia o amigo impaciente de Dr Soup para sua amiga. A conversa era animada, mas algo despertou a psicodelia. Digna de Dr Soup.
- Mas elas não te dão nada...
Antes que a locutora encerrasse , um debochado, porém sincero recado foi dado:
- Não interessa!
E todos caíram em gargalhadas. Menos Dr. Soup. Que estava em uma explosão efervescente de cores, pela 7ª esquina dobrada por seus tambores ainda em introdução.
Alguém tirava sua jaqueta de couro e girava no ar. Comemorando algo que explodia apenas em sua mente e o deixava feliz bradando aos berros:
- Em 2020 seria revisitada em plena rede nacional.
Alguém tosse. Outra pessoa tosse. Um fio de luz atravessa desde o pequeno furo entre o teto e a parede. Atravessa até o peito que tosse. Um deles, não os dois. E depois que ele se move, o fio de luz segue seu rumo até a porta. Que depois de aberta permite que o fio de luz encontre a claridade do dia.
Ninguém mais tosse.