quinta-feira, 23 de julho de 2015

A lua de Misa Amane

A lua de Misa Amane
                Um risco no céu, ou uma nuvem distante e solitária. Mais uma noite, e muitas que virão. O silêncio. A lua. Ela. Alguém ousou ser mais do que podia, e não olhou com carinho para o seu destino. Um jogo de um brincalhão com liberdade. E seu amado se foi.
                A lua há muito desistiu de pedir-lhe explicações, acreditava que aquela menina que não envelhece lhe explicaria alguma coisa. Mas quando olhou nos seus olhos e percebeu que ela também tinha suas dúvidas, encontrou sua companhia. O sol não lhe daria sua luz, como dá para o planeta que acompanha. Há incontáveis pontos distantes de luz quando a menina está lá novamente, sentada, com as costas retas, em posição comportada. Há muito já passou o olhar de quem se deu conta do silêncio.
                Há muito já passou o olhar de quem se acostumou com o silêncio. Ela não chora mais, nem olha para o céu acima dela. Aqueles pontinhos distantes brilham, feito as lágrimas que a secaram, alguém ousou ser mais do que podia. E não entendeu as regras do jogo. Um dia ela soube a resposta.
                E quando soube, a resposta apenas lhe explicava, mas não lhe aliviava. E a lua ali, a observando. Sem poder secar suas lágrimas, e sem poder secar as suas próprias lágrimas daqueles pontinhos no céu.  Existe muito tempo para acompanharem, uma a outra. Um caderno, algo que se escreva, tristemente simples.

                Um risco no céu, ou uma nuvem distante e solitária. Ela tem muito tempo para descobrir. Não importa o que só ela pode ver, sua luz não vai lhe ouvir. A lua e ela, dois satélites, vivos e silenciosos. Sem luz própria. E muito tempo para observar o som de quem mastiga uma maçã. 

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