quarta-feira, 13 de abril de 2016

A merda atirada no ventilador

Luis Fernando Veríssimo sentado em uma mesa, lendo o cardápio. Escondido atrás do cardápio.

Paulo Coelho, sentado em outra mesa, seu café descansa em sua mesa. Um isqueiro e um maço de cigarros. O brinde à Veríssimo e o café vive a sua história.

Peninha, sentado do lado de fora. Acendo meu cigarro com ele. Minha camisa vermelha e a dele azul. Não é preciso dizer mais nada. Ele me pergunta alguma coisa e eu avisto o Seu Veríssimo. Nos encontramos na meditação.


-Boa tarde Seu Veríssimo.

- Boa tarde guri, tudo bem?

- Tudo bem, Seu Veríssimo. E com o senhor?

- Tudo bem , desde que tu pares com essa de Seu Veríssimo. Parece o Varum falando.

- Está Luis Fernando. O que está achando do nosso Inter?

- Sempre uma felicidade , não é mesmo?

- Sempre.

- Gostei do Garotinho Gente Fina e seus mil gols.

- Garotinho Gente Grande.

- Garotinho colorado que faz mil gols é Gente Fina também.

- Você está certo, esqueci que esse diálogo é seu.

-Meu, achei que era seu.

(Alguém gargalha de outra mesa mais isolada e vai para o balcão, pede wisky duplo)

- kkkkkkkkk  O que o Senhor... , ops, você vai pedir Luis Fernando?

- Já pedi, enquanto tu falava com o Peninha, um Capuccino pra ti e um Carioquinha pra mim.

Paulo passando para o próximo cigarrinho no lado de fora da cafeteria:

- Esse é o melhor Luis, acabei de saborear um.

L.F.V.: Gratidão Paulo!
P.C.: Pode crê Luis!

E toda a cafeteria cai na gargalhada

- Então, como foi aquele livro?

- Seu Luis, não deu certo.

- Como assim?

- Pro Seu Luis que deveria ser Luis Fernando sem o "Seu" ou para o "não deu certo"?

- Para os dois , oras.

- Como assim Luis?

- Tu não estás gravando uma série para a televisão com essa história.

-Ah, isso sim. De vento em popa, atores muito legais e o pessoal da tv não se importou em que eu dividisse a direção com o diretor do canal.

- Mas que maravilha, olha só guri.

- É verdade Seu Luis.   (que dessa vez entendeu o "Seu Luis")
 Inclusive quero lhe comunicar que o projeto será uma homenagem à sua obra. Que graça se não retratar o humor da realidade não é mesmo?

- Certo guri.Que tipo de piadas você pretende fazer?

- Piadas como a da Tartaruga Lopes.

- Qual? Nem me lembro mais.

- É esse o espírito Luis,

Alguém toca nos ombros de Luis Fernando e diz:

- Vamos para a sala de conferências , guri.  (e ri divertidamente)

L.F.V.: O que é isso?

- O Paulo vai me ajudar com a história para televisão e, também na minha próxima obra. Marquei com ele aqui hoje, depois de conseguir te tirar de casa para tomar um café comigo.

Seu Luis, ou Luis Fernando, acena como quem diz: "vão, vão"

Paulo chama seu amigo no balcão do bar:

- Agenor, pega sua próxima dose e vem com a gente.

Se virando com o copo cheio, Agenor:

- Vamos sim, Paulo... Aí Terráqueo, entendendo as coisas.

- O tempo não para, não é mesmo?

- O tempo não para?

E todos gargalharam na cafeteria, antes de fecharem as portas da sala de conferências.

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