sábado, 8 de agosto de 2015

Eu caminhava

Eu caminhava

                Eu caminhava, minhas pernas se encontravam e se despediam. Uma tarde qualquer, o inicio de uma rua. A beira da Lagoa, a Praça, o Colégio, a mesma rua, uma avenida. Uma ideia. A distância não importa.
                O trote solitário e mergulhado, oferecendo a prisão. De repente a grande subida já foi, e um novo bairro. Aquele bairro atrás do morro, já não faz sentido se preocupar em ser visto. As lentes fumê de um óculos escuros nos salva quando fingimos gostar de alguém. Melhor fingir que o tempo passa.
                Um estranho pergunta as horas, quando a metade do caminho se apresenta após a primeira das duas curvas do percurso. Fosse para a direita encontraria um pedacinho do futuro muito antes de chegarmos lá. O sol forte e o vento frio alegram aquele dia de primavera, no meio da tarde a temperatura é sempre agradável. Eu caminhava.
                Chegando a lugares que de longe eu enxergava, na última curva do percurso o estranho se depara. A mesma professora, meninas e meninos com a sua idade em outro tempo. Dizer que um dia elas poderiam fazer o mesmo, e surgir do nada na aula da Tia e contar alguma coisa como eu contei. Agora não podem mais, o colégio não existe mais. Eu caminhava e fingia que o tempo passava.
                A despedida e as curvas e a distância que agora importa um pouco. Óculos escuros descansando na gola da camiseta. E o vento a incomodar as lentes de contato. Amigas fazendo atravessar a rua apenas para comentar que a caminhada havia sido longa e o vento incomodava os olhos. Óculos escuros saindo do seu descanso.

                Sem dores nem cansaço. Quando se é jovem e se tem dúvidas, 5 ou 6 bairros entre o colégio antigo e o que não será lembrado não exige quase nada do corpo. É na busca por respostas que estamos andando, e algumas delas encontrei enquanto eu caminhava. Por uma memória.

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