Diga a ela
Dois
conhecidos cruzam um o caminho do outro.
Se cumprimentam, algum deles está de bom humor e estende a conversa. Trocam
ideias sobre seus momentos em comum, momento da profissão de cada um, um plano
pra lá e um plano pra cá. Questionam sobre os amigos em comum que são mais
próximos, até que um antes de se despedir pergunta:
- Digo algo para ela?
Entre
o educado sorriso crispado e a resposta, uma boa jornada de meses. Televisões
ligadas ao acordar, televisões ligadas ao dormir. Dias intermináveis em bares
com uns amigos, novos amigos e antigos amigos. Tantos estranhos tão perto. Na
verdade longe do principal. Ela sabe onde estou, logo pouco importa dizer que
estou só, ou que mando recomendações. Passos alinhados que caminharam muito
devagar, arrastando o calendário. Olhares perdidos. Olhares ao encontro de um
espaço. Um espaço dentro dele. Algo gritando para ela saber como foi. Um
garotinho assovia, enfrentando a náusea da dúvida.
Um
garotinho realmente assovia, do outro lado da rua, e uma moça sorri. Enquanto
atravessa a rua, o sorriso crispado se dissolve em um sorriso feliz e a
resposta sai tão leve quanto o aceno de despedida, e desatento responde:
- Sei lá, diga a ela que me viu
na rua. Ah, e que eu parecia muito bem.
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