quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Diga a ela

Diga a ela

                Dois conhecidos  cruzam um o caminho do outro. Se cumprimentam, algum deles está de bom humor e estende a conversa. Trocam ideias sobre seus momentos em comum, momento da profissão de cada um, um plano pra lá e um plano pra cá. Questionam sobre os amigos em comum que são mais próximos, até que um antes de se despedir pergunta:
- Digo algo para ela?

                Entre o educado sorriso crispado e a resposta, uma boa jornada de meses. Televisões ligadas ao acordar, televisões ligadas ao dormir. Dias intermináveis em bares com uns amigos, novos amigos e antigos amigos. Tantos estranhos tão perto. Na verdade longe do principal. Ela sabe onde estou, logo pouco importa dizer que estou só, ou que mando recomendações. Passos alinhados que caminharam muito devagar, arrastando o calendário. Olhares perdidos. Olhares ao encontro de um espaço. Um espaço dentro dele. Algo gritando para ela saber como foi. Um garotinho assovia, enfrentando a náusea da dúvida.
                Um garotinho realmente assovia, do outro lado da rua, e uma moça sorri. Enquanto atravessa a rua, o sorriso crispado se dissolve em um sorriso feliz e a resposta sai tão leve quanto o aceno de despedida, e desatento responde:

- Sei lá, diga a ela que me viu na rua. Ah, e que eu parecia muito bem. 

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