quinta-feira, 16 de março de 2017

"As incríveis aventuras dos irlandeses pela Ásia pt.1"

...Mr. Roy alguma consideração  sobre o período de preparação?

 

                Após um breve silêncio, e momentos em que todos os integrantes da comissão técnica presentes buscaram-se mutuamente com o olhar, Mr. Roy responde:

 

- Tem sido um ótimo momento. Os rapazes têm dado o máximo de si nos treinamentos e o trabalho que Sir McCartney executa é exemplar.

 

                Um sério Mr. Roy se levanta da bancada, não acena para os jornalistas e parte em trote leto e postura de ataque para fora da sala de conferências do centro de treinamentos da seleção irlandesa. A expectativa era grande devido a rumores sobre uma possível desavença entre Mr. Roy e o treinador Liam McCartney. As poucas e não confirmadas informações indicavam descontentamento do atleta com a estrutura oferecida pela federação, muito diferente da encontrada no seu clube na Inglaterra. Fato que não se repete entre a maioria dos atletas do grupo irlandês, acostumados com vestiários acanhados em ligas de menor expressão.

                Os jornalistas esperavam outra reação de Mr. Roy, apaixonado e acalorado capitão da equipe. Aliás, chegaram a apostar, se após a entrevista o meio campista seguiria com a delegação ou não.  Era plausível e possível o corte do atleta. Mas isso não aconteceu, e todos saíram furiosos do centro de convenções, os jornalistas que perderam sua diversão para os chavões de sempre de um boleiro, o atleta que teve que repetir um discurso pronto com o máximo de personalidade possível (e se segurar para não quebrar as garrafas de refrigerante à sua frente)  e o treinador McCartney, que se encontrou fantasiado (com barba postiça e tudo) durante toda a entrevista e ninguém o reconheceu.

                A Irlanda estava pronta para a estreia contra Camarões. O gol de empate de Mark Nederlands selou a atuação aguerrida de uma equipe que não se abalou com o gol camaronês no final do primeiro tempo. Os africanos com seu uniforme extravagante não impuseram seu jogo físico de correria e desde o inicio do jogo os irlandeses dominaram com seu sistema sólido, sem muita criatividade, mas muita transpiração. O cartão amarelo para o capitão foi justo, mas crucial. O atleta camaronês foi substituído minutos depois de levar a entrada que originou a falta.

                O jogo seguinte, novamente após sair perdendo em jogada em sua área, os irlandeses esgotaram os alemães com o empate no lance final do jogo. O artilheiro Ronnie Keebb se antecipou à dupla de zaga menos vazada da Bundesliga e venceu o goleiro da Seleção da Copa. A sequência de empates fortaleceu o grupo, que se viu capaz de jogar de igual contra os dois favoritos da chave, e com o jogo contra a menor força do grupo na última rodada. Enquanto que os dois medalhões se matariam pela classificação. O empate irlandês aos 92 minutos não foi visto com bons olhos por ninguém. Apenas pelos espanhóis que deram entrevistas falando conhecer melhor o jogo europeu do que o africano, e que se sentiriam melhor em campo assim. “Coisa de estilo de jogo” disse o capitão espanhol após a confirmação do duelo na segunda fase. Um sanguinário Mr. Roy assistiu ao vivo à entrevista.

                Um sanguinário Mr. Roy assistiu ao vivo à entrevista, depois de ficar mais tempo em frente à tv após o almoço. Reuniu os poucos colegas que foi encontrando antes de irem para o sono pós-almoço e exigiu uma resposta. Em campo, e para enfrentarem os espanhóis e não os paraguaios na próxima fase. Ronnie Keebb e os três goleiros envolvidos na reunião informal foram taxativos ao comunicar o ocorrido para o treinador McCartney ( à essa altura, e com a boa fase rolando, chamado carinhosamente de Macca pelos atletas), era cristalino e empolgante o compromisso de Mr. Roy com a classificação irlandesa. O objetivo as quartas de final.

                Tanto o “bull’s eye” de Ronnie Keebb, quanto a timidez de Green ou a fé de Huff contaram com a colaboração de um ótimo goleiro saudita, porém em noite de Copa do Mundo terrível para seu país. Mr. Roy acertou mais passes nesse jogo do que em jogos mais tranquilos da Premier League, não por encontrar facilidade. Mas por estar disposto. E não levou nenhum cartão amarelo. Este era seu compromisso naquela reunião depois da declaração do líder espanhol. A vitória havia chegado.

 

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