segunda-feira, 31 de outubro de 2016

"Chico não, Vinicius"

Piano bar em Nova York, uma linda brasileira saboreia seu drink ao som do piano. O artista a percebe, encantada com a canção de Sinatra. A melodia embalar o drink, como deve ser. Um senhor charmoso aproxima o fogo, a moça acende seu cigarro. O senhor segue sem interagir.

O pianista acelera, a brasileira é muito bela. E brasileiras gostam de ousadia, é o que ele entende daquele som que os boêmios estão tocando pelos bares à fora no Brasil. E com a sua velocidade característica a poesia atravessou o oceano para fazê-lo se apaixonar por aquele som.

O intervalo assume o som ambiente, um gin tônica é preparado, um bilhete é delicadamente entregue à mão do garçom. O cupido convocado para mais uma missão. A moça abre o guardanapo, sorri. Um gole de satisfação.

O bilhete em inglês oferece a "Fancy lady" uma bela viagem "nice trip back at home" através do som poético de Chico Buarque de Holanda. Ela sorri, não olha para os lados, e puxa uma caneta. Ele não acredita, uma pedra de gelo se solta das outras em seu copo. O perfume de Gin Tônica adoça o ar. Ela puxa um guardanapo. Escreve. Dobra delicadamente. E deixa em cima do piano, antes do artista chegar ao seu espaço.

Poucas palavras, e uma interrogação. Com um recado simples, ela respondeu à sua proposta. Enquanto ela acendia um novo cigarro à porta do Piano Bar, ele lê:

"Chico não, Vinicius".

E vai embora daquele Piano Bar, quando ele começa a tocar Garota de Ipanema. Ele prefere as que não são clichês. Embora dance com o mesmo senhor que acende seu cigarro anteriormente, na calçada ali mesmo. E depois segue em seu doce balanço a caminho do mar.

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