terça-feira, 11 de outubro de 2016

"Carta de manifesto a Tristeza"

(Toc toc)

Já sei, é você de novo batendo na porta. Me deixe em paz. Você e a ansiedade podem sugar de outra pessoa a felicidade e atrapalhar seu dia. Para mim já basta, agradeço os belos momentos vividos juntos. Belos? Você estava me atormentando demais até para turvar a beleza, até a sua própria beleza. Aliás, como atormenta à todos, inclusive os belos, infiltrando um nesgo entre raiva e rancor no lugar de muitos sorrisos.
Já sei, como um belo peso enorme nas costas, vem você rolando porta a dentro, confundindo minhas ideias e domando minha energia. Por ora, vou te escutar. Não porque eu te ame, porque você jamais me conquistou e seria muita arrogância e imaturidade sua acreditar nisto. Mas porque você me cansa, e só me resta deixá-la com seus gritos, suas reclamações, suas exigências, até que a Deusa do Eco me perdoe.
Já sei, você mexeu em sua trança se gloriando por se sentir importante, mas até a sua beleza é entristecedora. Você não sorri e nos cansa. (toc toc) , você não percebe que a porta bateu de novo, nem que eu acendi outro cigarro, quando percebe é para ser o sermão, a raiva de outro alguém, (toc toc). A música fica mais intensa, mas você não se reserva aos tons menores,  precisa de mais homenagens. E recebe as minhas lágrimas, que lutaram com orgulho até o momento em que puderam. Mas você não vai me levar.

(som de impaciência do lado de fora)

Já sei, você grita, (toc toc) antes que eu diga que sei, (toc toc), e como uma boa inquisidora vira o jogo e me cala (toc toc). Talentosa, me faz de atriz pornô e goza em minha cara toda sua dor. Você está pronta (toc toc) para se realizar e começar a sua dor novamente. Sem olhar pra você, eu limpo meu rosto com uma toalha e peço sem emoção que você saia, há uma nova chinelada, uma nova crítica, uma nova energia sua para me fazer limpar o rosto novamente.


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