domingo, 13 de setembro de 2015

Jornais

Jornais

            
         Extra! Pai é recebido na porta de casa pelo casal de filhos, que o aguardavam ansiosos para saber como foi o dia no trabalho. A esposa sorri assistindo a cena, ele retornou. Sorrindo. E sorrindo se entrega para o momento. A calçada está varrida e o ambiente bonito e feliz. Tão estranho para quem fica, mas isto é para outras histórias reais de outros seres imaginários. Nada mais do que um caminho que se passa, o pai explica para o filho no seu colo. De mãos dadas com a filhinha dá um beijo carinhoso em sua esposa.
            Extra! Artistas de rua agem em ação silenciosa e rua que já assistiu muita tristeza, amanheceu bela, colorida e com mensagem de apoio aos familiares dos jovens que partiram. Uma mãe que passava pelo local se emocionou e agradeceu aos dois rapazes que ofereciam suas “mímicas do abraço” (segundo eles) pelo carinho recebido. “Foi de tocar o coração, meu filho não voltará para casa hoje, mas eu voltarei em paz , porque esses meninos estão fazendo o que o meu faria se estivesse aqui”. O carinho não alivia, apenas consola. E o medo é um abraço, tão distante de quem fica.
                Onde vai? Nós estamos de passagem. Onde a rua nos abriga desse frio. Eu vou te encontrar, está marcado. Gratidão por sorrir comigo. Estamos sempre de partida, mas a rua nos abriga desse frio.
           Extra! Senhor anônimo tem sido visto andando pelas ruas abordando moradores de rua. Segundo relatos, ele chega em seu carro, oferecendo sopa quente e um copo de agua para todos. Mas há pães para quem está com mais fome, e cobertores para substituir o frio. O curioso nessa história é que, segundo o próprio senhor (que não quis se identificar, quando abordado pela nossa equipe), há apenas uma exigência -  muito inusitada por sinal: em troca da alimentação, é pedido aos moradores de rua que opinem sobre as noticias dos jornais que os aqueciam até que os cobertores chegassem, assim pode conhecer mais de cada um. A verba para esta ação vem de amigos que toparam participar, oferecendo produtos e dinheiro para que o máximo de pessoas sejam atendidas. Perguntado sobre o desafio, o senhor disse: “A calçada não é pai, não é mãe, não é nada além de um refúgio, um abrigo. Tão distante para quem passa. Algo precisava ser feito e há muita gente querendo ajudar. Eu apenas ofereço. E é como um professor amigo me disse certa vez, quem sai energizado sou eu, porque é nessa troca em que se escondem os tesouros que a gente busca. É o que eu penso pelo menos.” E sorrindo se despediu da nossa equipe.
               Extra! As pessoas estão sorrindo nesse domingo de manhã. Esta é a noticia que eu quero ler nos meus jornais, e nenhum de nós irá desistir até que você esteja sorrindo também.   E esta é a noticia boa por que tanto esperamos.

                

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