terça-feira, 28 de abril de 2015

Uma questão de escala

Um senhor avança para atravessar a rua naquela avenida movimentada, o café treme levemente na xícara postada em uma janela que assiste aquela cena. No segundo seguinte o alivio. Um rapaz surge, segurando uma das sacolas e oferecendo o braço para o senhor atravessar a rua. Dias assim, que costumam melhorar alguma coisa.
                O quadro dessa cena naquela janela, o pensamento viaja rápido entre os dias de hoje e os dias difíceis. Quando tudo era uma boa ideia flutuando entre os pensamentos de “E se...” e os riscos de se (sic) arriscar. Com o tempo percebeu que são sentimentos comuns de quem tenta algo novo, ou acredita em algo, ou pensa que os dias podem ser diferentes. Enfim, há inúmeras formas de definir o mesmo sentimento, e justificar a mesma ação.
                Quando o telefone tocou, e aquele amigo avisou que na reunião deu tudo certo com o investidor e o negócio começaria a ser tocado em alguns dias. A satisfação em ver um projeto andar, e mesmo com uma pequena participação, a sensação de fazer parte de um sonho que se realiza.
                Um projeto, dois projetos, e de repente a coisa tomou outra forma. O que era um telefone, com o tempo passou para uma sala dentro do próprio apartamento, e hoje é um escritório em outra cidade. Mais oportunidades passaram a surgir, embora o que todos pensem no escritório é que quem passou a ficar mais atento as oportunidades foram eles.
                As reuniões que não mudaram muito. Seguem acontecendo em cafés, restaurantes, saguões de teatros, e até em parques. É um traço da empresa pensar nos lugares como algo sempre agradável, e deixando sempre a escolha para o cliente, mas essa característica tão rápido se tornou uma legenda da empresa que os interessados já aguardam um momento assim. Hoje em dia bares de hotéis, camarotes de estádios de futebol em jogos importantes, e salas de reuniões de escritórios grandes também fazem parte da rotina. Na verdade nada mudou, é apenas uma questão de escala.

                O telefone toca, a esposa informa que está saindo de casa para o passeio do final da tarde. Ele olha a xícara de café com seu perfume tomando conta daquela sala agora vazia. A distância entre o hoje e os dias difíceis percorridas pela velocidade de uma boa ação. É apenas uma questão de escala. 

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